Terça, 23 de abril de 2024 às 07:30

Boato de pedofilia pode ter motivado homicídio de Roberto Natal em Cascavel


A equipe da CGN teve acesso a novas informações que decorrem sobre a “real motivação do crime” que teve como vítima fatal: Roberto Natal de Meira, de 68 anos. A execução a sangue frio ocorreu no dia 07 deste mês, em frente a uma conveniência localizada em Cascavel.

A reportagem trouxe, com exclusividade, ainda na semana passada, as imagens de uma câmera de monitoramento, as quais mostram toda a confusão que resultou no assassinato.

Pelo vídeo, é possível notar toda a brutalidade utilizada pelo autor do crime, o qual praticou diversos golpes de faca contra a vítima. Na imagem, também é notável que, mesmo após Roberto Natal de Meira já estar morto, o agressor retornou ao local do crime e provocou novas perfurações no corpo da vítima.

Conforme o relatório da Polícia Científica, foram constatadas 29 lesões perfuro-incisas no corpo de Roberto, as quais provocaram o choque hemorrágico. O laudo aponta que as múltiplas lesões perfuro-incisas, foram assim localizadas:

sete lesões perfuro-incisas em ombro esquerdo;
duas lesões perfuro-incisas na região supraclavicular esquerda;
seis lesões perfuro-incisas na região cervical esquerda;
cinco lesões perfuro-incisas na região auricular esquerda;
uma lesão perfuro-incisa na região temporal esquerda;
uma lesão perfuro-insica na região torácica anterior;
sete lesões perfuro-incisas na região cervical direita;
equimose arroxeada periobital direita.

Durante a coleta de depoimentos sobre o caso, ficou margeado pela Delegacia de Homicídios que a suposta motivação do crime poderia estar ligada a uma hipótese de que a vítima teria cometido pedofilia.

Um dos familiares relatou que o autor teria comentado que “estava na distribuidora de bebidas e que, em dado momento, a vítima teria passado a mão na menina, de três anos, e da outra criança e lhe falando umas “bobeiras”.

Para os familiares do autor, esta interação com as crianças foram entendidas como um tipo de abuso. Ainda no depoimento, esta pessoa relatou à Delegacia de Homicídios que “no bairro há histórias de que a vítima importunava uma menina de doze anos, e que dizia que queria se casar com ela”.

Diante desta informação, o Setor de Homicídios oficiou o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), para que verificar se havia algum Boletim de Ocorrência, Inquérito Policial ou mesmo denúncia envolvendo Roberto Natal de Meira com crimes relacionados a crianças e adolescentes. A resposta foi negativa para todos os quesitos.

A Polícia Civil analisou cerca de três horas e meia de filmagens de duas câmeras localizadas no local do crime e verificou que o autor, mesmo de madrugada, estava com os três filhos no estabelecimento, o que o relatório complementar apontou como ‘impróprio’.

Diante do boato de que o homicídio teria ocorrido por uma possível represaria a abuso da vítima contra os filhos do autor, a Polícia Civil buscou toda a movimentação de Roberto e as interações com as demais pessoas que estavam no local. Nisto, teria ficado constatado que não houve qualquer abuso ou contato inapropriado de Roberto com os filhos do acusado.

Com uma análise minuciosa das filmagens, não foi identificado nenhuma atitude de abuso da vítima para com as crianças, haja vista, que o familiar do autor afirmou que a vítima teria passado a mão na menina de 3 anos, sendo que essa estava no colo de seu pai, fato impossível de ocorrer. Torna-se cristalino nas filmagens, que a atitude da vítima não é diferente de outros dois masculinos (não identificados) que também tocam nas crianças do autor. Com tudo isso, se depreende que o que motivou o crime, não foi a atitude propriamente da vítima , mas sim, foi baseada em um boato que havia no bairro Rivieira que a vítima pudesse ser um pedófilo. Com isso, fica demostrado a futilidade dessa motivação, que acabou ceifando a vida de Roberto.

No quesito motivação, teria ficado claro para a Polícia Civil que Roberto não foi assassinado por conta de alguma atitude dele, mas por conta de um boato de pedófilo, o qual lhe foi imputado.

O caso segue sendo investigado e o autor do crime preso. A Polícia Civil tem até o próximo dia 07 para concluir o inquérito e encaminhar a denúncia do homicídio ao Ministério Público.



 

Fonte: CGN

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